Os desastres brasileiros e suas relações com as mudanças climáticas

Já sabemos o que são as mudanças climáticas, mas como elas afetam o Brasil?

#tmjUNICEF
04 outubro 2022

As alterações nos padrões de clima e de temperatura causadas pelo homem direta ou indiretamente são chamadas de mudanças climáticas. As mudanças climáticas não só englobam o aquecimento global, que é o aumento da temperatura média superficial do planeta Terra, mas também todas as consequências que derivam dele, como as secas frequentes, os incêndios florestais, o derretimento das calotas polares, as tempestades catastróficas, a escassez de água e o aumento do nível do mar.

De acordo com a ONU, esse desequilíbrio ambiental foi impulsionado pela Revolução Industrial e vem sendo agravado pela atividade humana desde o século 18, especialmente com o aumento da queima de combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural e carvão. Outros fatores também estão diretamente relacionados a esse desequilíbrio, como o desmatamento, o aumento das atividades industriais, a conversão do uso do solo e a agropecuária. Todas essas atividades promovidas pelo homem são emissoras de grande quantidade de CO2: o principal gás componente do efeito estufa.

Mas e o Brasil?
O nosso país apresenta um extenso território e ecossistemas diversos, além de uma imensa biodiversidade e variedade climática, porém tudo isso se encontra em perigo devido ao desequilíbrio ecológico fomentado pelo nosso modelo de desenvolvimento e pelas mudanças climáticas. Segundo dados da WWF, por causa da elevação das temperaturas e da diminuição de chuvas na região, a Amazônia pode sofrer secas que causarão uma frenagem no processo de regeneração florestal, perda de biodiversidade e, possivelmente, extinção de espécies. Ademais, no Nordeste, haverá uma redução dos recursos hídricos e até uma mudança na vegetação, que pode se tornar típica da região árida. Serão cada vez mais frequentes secas, enchentes e desastres naturais que podem causar redução das colheitas e da produção de alimentos se não houver um conjunto de mudanças e comprometimento para combatê-los.

E quem são os mais impactados?
Os impactos das mudanças climáticas têm se tornado cada vez mais latentes na intensificação da desigualdade socioeconômica, expondo as camadas mais pobres da sociedade a uma série de efeitos prejudiciais à saúde, à insegurança alimentar, ao déficit na renda, entre outros. Dessa forma, as populações vulneráveis são as que mais sofrem com a mudança climática. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) define vulnerabilidade como “o grau de suscetibilidade de um sistema aos efeitos adversos da mudança climática, ou sua incapacidade de administrar esses efeitos, incluindo variabilidade climática ou extremos”.

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), as mudanças climáticas ameaçam a segurança das mulheres: “com frequência, são os papéis tradicionais das mulheres que as colocam em maiores riscos derivados da mudança climática”. Para além disso, o UNICEF chama atenção para a questão de como crianças e adolescentes sofrem com os impactos das mudanças climáticas: “As diretrizes observam que as mudanças climáticas estão se cruzando com as condições ambientais, sociais, políticas, econômicas e demográficas existentes, contribuindo para as decisões das pessoas de se mudar. Somente em 2020, quase 10 milhões de crianças e adolescentes se deslocaram após choques climáticos”.

O colapso climático e o ano de 2022 no Brasil
Em 2022, muitos desastres climáticos assolaram o Brasil. Em Petrópolis, no Rio de Janeiro, tivemos a maior tragédia da história da cidade no início do ano. O registro da pior tempestade de todos os tempos na localidade é uma das consequências do agravamento das mudanças climáticas no mundo.

As fortes chuvas em Petrópolis ocasionaram enchentes e deslizamentos de terra, que vulnerabilizaram a vida e a segurança da população local. Porém, o estado do Rio de Janeiro não foi o único a ser atingido pelos resultados das graves variações nos padrões de temperatura e clima. Minas Gerais, São Paulo, Pernambuco e Bahia também enfrentaram as consequências da crise climática atual. Segundo dados da Confederação Nacional de Municípios (CNM), apenas em 2022, os óbitos causados pelo excesso das chuvas representam mais de 25% do total de mortes dos últimos 10 anos.

Ainda em 2022, alguns estados brasileiros sofreram com outro problema: o calor extremo. No Rio Grande do Sul, no dia 21 de janeiro, a estação automática do Inmet em Uruguaiana registrou 42,1°C, a maior temperatura na região desde 1963. Segundo dados do Sistema de Mudanças Climáticas Copernicus, gerenciado pela Comissão Europeia, afirma-se que os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados na Terra.

Informações sobre o agravamento das mudanças climáticas nas próximas décadas.

Segundo o WWF, mesmo se zerássemos as emissões de efeito estufa, os estudiosos afirmam que ainda assim temos a previsão de aumento de 1°C nas próximas décadas. Em decorrência disso, os cientistas alertam para a intensificação de desastres climáticos:

“Os estudiosos também preveem, como resultado tanto do aquecimento já ocorrido como do que virá, um agravamento de furacões, chuvas, enchentes, secas”. Dessa forma, se torna iminente a adoção de práticas de adaptação às mudanças climáticas, ou seja: “uma série de respostas aos impactos atuais e potenciais da mudança do clima, com objetivo de minimizar possíveis danos e aproveitar as oportunidades potenciais”.

O último relatório apresentado pelo IPCC, mostra uma evolução preocupante do desenvolvimento dos efeitos climáticos e do autoaquecimento global. De acordo com os últimos dados apresentados pelo painel, destaca-se o alto nível de liberação de gás carbono no sistema, sendo necessárias ações que diminuam o aquecimento em torno de 1,5ºC antes de 2025.

Os efeitos das mudanças climáticas já são vistos de forma cotidiana, demandando uma ação urgente contra o aquecimento global, principalmente após a publicação do quarto relatório do IPCC sobre o Brasil, que expõe a diminuição de recursos hídricos no Nordeste, sendo estipulado a diminuição dos lençóis freáticos em 70%; o aumento de chuvas no Sudeste, que possibilita a frequência de inundações nas grandes cidades; e extinções de 38% a 45% das plantas do cerrado.

Com isso, fica evidente a necessidade de se repensar os atuais sistemas de produção, baseando-se em atitudes sustentáveis para o desenvolvimento de suas políticas, encontrando maneiras de utilizar os materiais de formas mais eficientes e fontes de energias mais sustentáveis.

 

*Autoras: Fernanda Luisa Martins Vasconcelos Filiú, Kathleen Gomes Vieira e Liara Luiza Durigon Pozzobon.
Revisoras: Cecília Dias Costa e Juliane Yurika Alves Sato.

Blog escrito pelas voluntárias e pelos voluntários do #tmjUNICEF, o programa de voluntariado digital do UNICEF. São adolescentes e jovens de todo o Brasil que participam de formações sobre direitos de crianças e adolescentes, mudanças climáticas, saúde mental e combate às fake news e à desinformação.

Explore os tópicos do nosso blog: